Vamos à elas:
1. Não é original, mas tenho curiosidade em saber: Qual a música que voce considera na sua concepção como sua grande obra prima, ou seja, independente de ser sucesso?
Skylab: Eu pensava nisso outro dia. Cada composição flerta com os limites. Mesmo aquelas que pareçam ser simples e rápidas, como EU ESTOU PENSANDO, são difíceis de serem concebidas. Eu diria até desgastantes. Claro que o que está em jogo é o processo de concepção. Uma música pode ter apenas um acorde e no entanto ser extremamente complexa.
Vou citar dois exemplos:
Beto Guedes e João Bosco. Cheio de virtuosismos, arranjos complexos e uma BOSTA. Fiquei revoltado outro dia assistindo a um show do João Bosco na TV. Cada músico querendo brilhar mais do que a música. Essa é a maior expressão de decadência que pode haver. A música será sempre mais importante que o músico e é por isso que João Gilberto é o melhor de todos.
Quero distância de virtuosismos !!!!!!!
Estou com Tom Zé e não abro!!!!!!!!!!
Quanto às minhas singelas musiquinhas, vou te citar duas em que eu acho que consigo atingir o que sempre almejei: o paradoxo. São elas EU QUERO SABER QUEM MATOU e ANALFABETO. A primeiro consta do SKYLAB IV e a segunda ainda não foi gravada.
2. Há comentarios de garotas do movimento Riot Grrrl (punk rock feminino e feminista) que acusam suas letras de serem machistas e opressoras, o que você diz desses comentarios.
Skylab: Essas garotas do movimento Riot Grrrl estão precisando de um pau bem grosso.
3. Um amigo proximo do Rogerio disse, sobre o processo de composição das musicas nos ensaios da banda, que "tocar com o Skylab é como vestir uma camisa de força", já que o Rogerio vem com todas as idéias pra músicas absolutamente prontas, 100% prontas, sem nada de interferência externa nas composições. Como você, Rogerio, reagiria se tivesse que vestir essa mesma camisa de força ? Isso já aconteceu com você ?
Skylab: Esse amigo que se diz próximo do Rogerio, está falando uma grande besteira. Claro que o processo de composição é árduo, solitário. Imagine um escritor escrevendo um livro em parceria. Já aconteceu. Borges e Bioy Casares escreveram juntos alguns livros. Mas é excessão. O momento de compor é parecido ao de um homem diante da morte. Não pode haver intermediários. Cumprida essa etapa, vem a seguinte: que é de transcodificação. Claro que nesse momento eu ainda devo interferir, criar balisas, mas está longe de ser uma camisa de força. Bruno, Bigu e Thiago que o digam. Minha música gira em torno desse eixo, do qual os três fazem parte.
É isso ai!
Abraços...